Depressão: o transtorno mental mais importante
Apesar de não sermos psiquiatra, somos o que poderia denominar, neuropsiquiatra.
Temos estudado e praticado o tratamento dos transtornos mentais pois vemos a importância dos males da mente cada vez maior em nosso meio.
No início fomos procurados por pacientes inibidos de ir ao psiquiatra, algo que trazia uma sensação de ser tratado por um médico de louco. Sabemos que não se trata disso.
Com a demanda veio a necessidade de aprofundar nossos estudos e ligar cada vez mais a neurologia com a psiquiatria. Eu não iria fazer uma nova residência médica, mas iria ampliar nosso horizonte com o estudo de nosso sistema nervoso central com a própria mente, onde presumimos estar ela sediada.
Fizemos um longo estágio no instituto de Psiquiatria da USP em 2001, sob a tutela do Prof Dr Orestes Forlenza e lá pudemos aprender um pouco mais sobre Demência e Transtornos mentais. Sabemos que não é um curso que edifica um profissional. Percebemos que mais importante é a empatia, capacidade de se por no lugar do outro, ali a nossa frente, companheiro de jornada nesse Planta Azul.
Com a literatura dispensada ao alcance de todos em nosso mundo digital e globalizado há muito a se ponderar sobre a Depressão. Ela é a principal causa de afastamento do trabalho e das atividades em geral, não mais secundada pelas patologias de coluna, na atualidade. Gera prejuízo financeiro e emocional em todos os ambientes onde está presente. Torna a vida um sofrimento real, apesar de não palpável, para aquele que dela padece e para seus familiares.
Ainda há os que negam sua existência. Até que com os infortúnios da vida a encontram eles mesmos.
Sabemos de sua causalidade genética em torno de 50% e dos fatores ambientais com o restante. Estes fatores têm se amplificado em nosso mundo. A competição nem sempre leal. O trabalho sem o devido descanso. As cidades cheias de luz e que não dormem. A falta de tempo para o lazer e para o prazer. A perda da interação humana no mundo digital e do Home Office.
A dieta industrializada com os excessos cada vez maiores. O sedentarismo.
O maior fator predisponente para os transtornos mentais, inclusive para a Depressão, é a Ansiedade, irmã do medo, da insegurança e da incerteza. Do medo de não ter. Do esquecimento de si próprio em ser.
Esse somatório de fatores culmina em um desarranjo de nossa estrutura emocional, nem sempre bem estabelecida na infância. A bioquímica cerebral vai se alterando e muitos neurotransmissores como a Serotonina, Noradrenalina, Dopamina, entre outros, vão declinando em nossos cérebros. Nem sempre percebemos ou somos notados e vamos nos empurrando morro acima para executar nossas tarefas, até que não conseguimos mais. Perdemos o amor pela vida e por nós mesmos, muitas vezes deixando de nos cuidar em necessidades básicas.
A assistência ao paciente com Depressão é fundamental e diria que quanto mais precoce e efetiva melhor será sua chance de cura e de retomar uma boa ou até melhor qualidade de vida.
O atendimento multidisciplinar envolvendo o médico e o psicoterapeuta, principalmente, com a participação ativa da família é a base de um bom tratamento. Quanto antes reinserirmos este paciente na sociedade retomando sua rotina produtiva e mais saudável, melhor.
Escolher entre os tantos fármacos antidepressivos e aliar ferramentas terapêuticas que tragam maior efetividade e sucesso é a nossa missão. Monitorar e acompanhar na maioria dos casos se faz necessário. A Depressão ainda não é descrita como doença degenerativa, mas é crônica. Precisamos nos manter atentos.